Dr. Júlio César Martins da Costa – PNEUMOLOGIA em Monlevade-MG

Tosse crônica

O que é a tosse?

A tosse é um reflexo natural do corpo humano, essencial para proteger o sistema respiratório e limpar as vias aéreas de irritantes, secreções ou substâncias estranhas.

Embora muitas vezes seja um sintoma passageiro e inofensivo, como em um resfriado comum, pode também ser sinal de condições mais importantes, quando persiste ou ocorre de forma crônica.

A tosse é uma ação involuntária do sistema respiratório que envolve uma expiração forçada de ar, com o objetivo de expelir substâncias que estão irritando as vias aéreas.

Essa reação é controlada pelo cérebro e pode ser desencadeada por diversos fatores, como infecções, alergias ou irritantes ambientais.

É o sintoma respiratório mais encontrado na prática clínica pneumológica, sendo um dos principais motivos para procura de uma consulta com o Pneumologista.

Dr. Júlio César

O Dr. Júlio César é médico Pneumologista com mais de 13 anos de experiência. Concluiu o curso de medicina na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e se especializou em Pneumologia na Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte-MG.

Possui título de Especialista em Pneumologia pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) e Associação Médica Brasileira (AMB) e também certificação de Habilitação em Função Pulmonar também pela SBPT e AMB, para a realização de exames de Espirometria.

É medico Pneumologista do Hospital Margarida de João Monlevade-MG e membro da equipe médica da Unidade de Terapia Intensiva desse mesmo hospital.

O Dr. Júlio César é especialista na avaliação e tratamento da tosse e já ajudou diversos pacientes a enfrentar e superar esse sintoma que é muito desconfortável.

Tipos de Tosse

A tosse pode ser classificada de acordo com sua duração, características e os fatores que a causam:

1. Tosse Aguda

   – Autolimitada, com duração inferior a 3 semanas.

   – Causas mais comuns: Infecções virais (como resfriados e gripes), infecções bacterianas (como pneumonia), Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e Asma com exacerbações, alergias, e exposição a irritantes.

2. Tosse Subaguda

   – Tempo de duração entre 3 e 8 semanas.

   – Causas mais comuns: Frequentemente ocorre após infecções respiratórias, como a gripe ou resfriado, quando a tosse persiste mesmo após a infecção ter sido controlada, exacerbação de doenças subjacentes com Asma e DPOC, e síndrome da tosse de vias aéreas superiores.

3. Tosse Crônica

   – Tempo de duração superior a 8 semanas.

   – Causas mais comuns: Doenças respiratórias crônicas como asma, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), refluxo gastroesofágico, tabagismo ativo, uso de certos medicamentos.

4. Tosse Seca x Tosse Produtiva

   – Seca: Não produz secreção (muco) e é geralmente irritante. Está associada a condições como asma, rinite alérgica e infecções virais iniciais.

   – Produtiva: Acompanhada da produção de muco ou catarro. É comum em infecções respiratórias como bronquite, pneumonia e sinusite.

5. Tosse Persistente

   – Refere-se a uma tosse que é contínua ou repetida ao longo do tempo, mas pode não se estender por períodos tão longos quanto a tosse crônica. Ela pode se tornar crônica, caso não seja tratada.

Fases da tosse

O ato de tossir está sob controle voluntário e involuntário, e consiste das fases de irritação, inspiratória, compressiva e expiratória, seguindo-se a fase de relaxamento.

Fases da tosse
1. Fase de Irritação

Na fase de irritação, os receptores sensoriais (localizados nas vias aéreas superiores e inferiores) detectam a presença de um agente irritante, como poeira, muco, fumaça ou até uma infecção.

2. Fase de Inspiração ou Inalação Profunda

Após a detecção do irritante, o corpo prepara a tosse com uma inspiração profunda, que enche os pulmões com ar. Durante essa fase, o diafragma se contrai, e o ar é rapidamente inalado, o que aumenta a pressão no sistema respiratório, preparando-o para a expulsão do ar.

3. Fase de Compressão

Nessa fase o ar é mantido nos pulmões enquanto os músculos respiratórios se contraem fortemente, aumentando ainda mais a pressão nas vias respiratórias. Isso fecha temporariamente as vias aéreas superiores (laringe e traqueia), enquanto o ar é comprimido.

4. Fase de Expulsão

Finalmente, a pressão acumulada é liberada quando as vias aéreas se abrem subitamente, permitindo a expulsão violenta do ar. Durante essa fase, ar e secreções são expelidos rapidamente das vias aéreas. Isso pode ser acompanhado do som de tosse característico.

Causas mais frequentes de Tosse

A tosse crônica pode ser causada por uma ampla variedade de condições. Entre as causas mais comuns, estão:

1. Infecções Respiratórias

   – Resfriados, gripes, pneumonia e bronquite podem causar tosse, geralmente acompanhada de outros sintomas, como febre, dor no peito e falta de ar.

2. Tosse Pós-Infecciosa

   – É uma tosse que persiste por mais de três semanas e menos de oito semanas após uma infecção no trato respiratório superior. Ela pode ser causada por infecções virais, como a gripe ou o resfriado comum. 

3. Tuberculose Pulmonar

   – Tosse crônica e produtiva é uma caraterística, podendo apresentar hemoptoicos (catarro com sangue), associado a sintomas como febre, sudorese noturna, emagrecimento.

4. Doenças Crônicas

   – Asma: A tosse é um sintoma comum, geralmente acompanhada de chiado no peito e falta de ar.

   – DPOC: Tosse crônica com muco é característica, especialmente em fumantes ou ex-fumantes.

  – Doenças intersticiais pulmonares (Fibrose pulmonar): A tosse é um sintoma frequente, geralmente associada à falta de ar.

5. Refluxo Gastroesofágico (DRGE)

   – O ácido do estômago que sobe para o esôfago pode irritar as vias respiratórias e causar tosse, principalmente à noite ou após refeições.

6. Alergias e Sinusite (Síndrome da tosse de vias aéreas superiores)

   – A exposição a alérgenos como pólen, poeira ou pêlos de animais pode causar tosse, especialmente se associada à sinusite, onde o muco escorre para a garganta (gotejamento pós-nasal).

7. Fatores Ambientais e Ocupacionais

   – A poluição do ar, fumaça de cigarro, produtos químicos, perfumes fortes podem irritar as vias aéreas e causar tosse.

8. Medicamentos

   – Alguns medicamentos, como os inibidores da ECA (medicamentos usados para tratar hipertensão e insuficiência cardíaca), podem causar tosse como efeito colateral.

9. Câncer de Pulmão

    – Embora menos comum, o câncer de pulmão pode ser uma causa subjacente de tosse persistente, geralmente acompanhada de outros sintomas como perda de peso e dor torácica.

Diagnóstico Clínico

O diagnóstico da tosse crônica começa com uma anamnese detalhada, onde o médico busca entender o histórico do paciente.

A história clínica e o exame físico podem fornecer informações importantes, mas muitas vezes pode-se realizar um teste terapêutico sem a necessidade de uma investigação minuciosa.

A avaliação clínica deve conter informações como:

  • Duração da tosse.
  • Características (seca ou produtiva).
  • Se produtiva, características da secreção, como cor e consistência.
  • Presença de outros sintomas associados (como chiado, falta de ar, secreção nasal, dor torácica, epigastralgia, pirose).
  • Histórico de tabagismo ou exposição a poluentes.
  • Uso de medicamentos (como os inibidores da ECA).
  • Histórico de doenças respiratórias ou gastrointestinais.

Exames complementares no auxílio diagnóstico da tosse

1. Radiografia de tórax

Fundamental para excluir doenças do parênquima pulmonar.

2. Espirometria

Útil para afastar doenças pulmonares obstrutivas ou restritivas.

3. Tomografia computadorizada dos seios da face e nasofibroscopia

São exames úteis para fecharem o diagnóstico de síndrome da tosse de vias aéreas superiores.

4. Endoscopia digestiva alta com biópsia de esôfago e pHmetria esofágica

Fundamentais para o diagnóstico de DRGE (Doença do refluxo gastroesofágico).

5. Broncoprovocação e escarro induzido

Exames realizados para confirmar ou afastar quadros suspeitos de Asma.

6. Tomografia computadorizada do tórax

Utilizada para diagnóstico de doenças pulmonares e confirmação de qualquer alteração de densidade no parênquima pulmonar.

7. Broncoscopia

Exame pouco utilizado para a investigação de tosse crônica, porém está indicada em casos nos quais as causas mais comuns foram excluídas ou em situações de aspiração de corpo estranho.

8. Análise do escarro

É empregada para o diagnóstico diferencial de tosse e para orientação terapêutica.

Tratamento da tosse crônica

O tratamento da tosse crônica ainda é motivo de muita controvérsia. Mesmo estudos de maior rigor científico não conseguiram chegar ao medicamento que apresentasse a melhor eficácia no seu controle.

O tratamento deve ser focado na causa subjacente, na identificação e tratamento da doença de base que está causando a tosse.

Pode ser dividido em duas partes: teste terapêutico e tratamento específico.

– Teste terapêutico: É realizado quando existe a suspeita da doença, mas esta não é confirmada com exames complementares ou quando não se consegue determinar a causa da tosse.

– Tratamento específico: De acordo com a causa da tosse, a opção de tratamento poderá ser mais específico, direcionado para a sua etiologia, ou ser mais generalista, visando a diminuição da frequência e da intensidade da tosse.

Considerações finais

Sintoma com grande repercussão na vida dos pacientes, a tosse cria dificuldades no trabalho, na escola e na vida, podendo gerar um grande impacto social.

Apesar dos avanços nos estudos e publicações sobre tosse, ainda existe grande dificuldade na sua investigação e seu manejo.

Diante de um paciente com queixa de tosse, sabemos como dar início à investigação, mas nunca podemos afirmar como e quando ela vai terminar.

A tosse é um reflexo natural do corpo, mas quando se torna persistente ou crônica, pode ser um sinal de que algo não está bem. Identificar a causa subjacente da tosse é essencial para o tratamento adequado e o alívio dos sintomas.

Se você tiver uma tosse prolongada ou associada a outros sintomas, não hesite em procurar um pneumologista para um diagnóstico e tratamento corretos.

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